LEONARDO MARTINS

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DENSIDADE HABITACIONAL E DEMANDA POR TRANSPORTE

PUBLICADA NO SITE SOBRETUDO NEWS EM 06 DE JUNHO DE 2012


Tentando fugir um pouco da linha de contestação aos nossos inúmeros problemas urbanos e buscando entender um pouco mais os rumos da cidade, resolvi falar do nosso bairro mais controverso – Barra da Tijuca.
Hoje começaram as operações experimentais da linha de BRT (Bus Rapid Transit) que liga Guaratiba à Barra da Tijuca. Ainda contando com apenas nove (Pingo d’Água, Pontal, Recreio Shopping, Nova Barra, Gelson Fonseca, Pedra de Itaúna, Riomar, Novo Leblon e Alvorada) das trinta e uma estações previstas, e em um horário de menor demanda, que vai de 10:00 às 15:00 h. A sua inauguração contou com um a presença das figuras públicas costumeiras – Eduardo Paes, Sérgio Cabral, Lula entre outros - e com um atraso de duas horas, tendo a sua primeira composição circulando por volta de meio dia e meio.
O BRT vem como uma solução da Prefeitura para o trânsito confuso e caótico da zona oeste. Precisando promover a fluidez do trânsito na região e optando sempre por soluções mais baratas, o BRT aparece como solução mais “eficiente”. Com o apelo Olímpico, conseguiu-se tirar do papel alguma intervenção concreta, necessária e de larga escala para a cidade, principalmente para a região em questão, carente de investimentos em praticamente todas as esferas públicas.
O corredor inaugurado hoje quando estiver completo e funcional, terá capacidade de transportar 220 mil1 pessoas diariamente por todos os seus 56 Km de extensão. O que é muito pouco se compararmos a um sistema mais caro, porém muito mais eficiente que é o METRÔ. Nossa malha de METRÔ tem 40,9 km de extensão com 35 estações (linha 1 e linha 2) e transporta diariamente – ainda que de forma sofrível – 645 mil pessoas, com previsão de em 2014, com a chegada dos novos trens, passar a transportar 1,1 milhão de passageiros2. Não precisa ser um grande matemático pra perceber que numa extensão pouco maior no BRT transportaremos aproximadamente APENAS 20% do que nosso METRÔ vai transportar. Cada composição do novo BRT transporta 140 passageiros, enquanto que a composição do METRÔ transporta 1.800.
Não fiz grandes pesquisas sobre demanda da região. Parece claro que é funcional hoje, mas certamente com o sucesso do sistema, vai ser obsoleto em muito pouco tempo. A sensação que dá é que trabalhamos sempre pra construir soluções que atendam nossas demandas de ontem. Quando conseguimos tirar do papel e termos prontas, já estão obsoletas ou operam no limite. Criar sistemas de transporte público eficientes é dever dos nossos governantes e só desta forma poderemos ter alguma chance de DESCONGESTIONAR nossas grandes cidades.
O PLANEJAMENTO URBANO SISTÊMICO é extremamente necessário para evitarmos grandes construções/ intervenções que em muito pouco tempo se tornam ineficientes. Temos que estar cientes que não basta apenas construir o que der, e sim construir de forma planejada. Precisamos do comprometimento dos cidadãos no intuito de eleger quem se comprometa não apenas com o fazer e sim com o planejar e dar continuidade a políticas e projetos funcionais pré-existentes.
De nada adianta criar novas opções sem criar POLÍTICAS PÚBLICAS que incentivem o uso destes sistemas, que o integrem com outros modais e que criem malhas inteligentes que cubram grande parte da cidade. Descentralizar os postos de trabalho oferecendo alíquota e incentivos para a criação de grande número de postos de trabalho em cidades dormitórios na periferia dos grandes centros, desincentivar a entrada de veículos de passeio nos centros, seja por implantação de horários de circulação, ou redução do número de vagas disponíveis. Bem como criação de estacionamentos juntos as estações de grandes modais, contendo a entrada de um grande número de veículos nos centros urbanos. Construção de CICLOVIAS alimentadoras aumentando o raio de influência das estações de trem/ METRÔ / BRT e pontos finais de linhas de ônibus.
Mais que soluções eleitoreiras e grandes obras, precisamos de SOLUÇÕES URBANAS INTELIGENTES. Integração dos meios de transporte e a melhoria dos sistemas já existentes. De nada adianta aumentarmos a quantidade de ruas e avenidas, pois isso só favorece a compra e o desejo de se ter mais automóveis. Redução de IPI e facilitação do acesso ao crédito são os inimigos número 1 da livre circulação.



1. Dados da Prefeitura do Rio disponíveis em: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=2880418
2. Dados do metrô-rio disponíveis em: http://saladeimprensa.metrorio.com.br/sobre-o-metro-rio/metro-em-numeros



©lmartins fotografia and leonardo martins


fonte: prefeitura rj


fonte: prefeitura rj


fonte: prefeitura rj