O crescimento acelerado e desordenado das cidades, sempre pautado pelo capital, cria abismos sociais. Zonas supervalorizadas que concentram a melhor infraestrutura e zonas de exclusão sem investimentos ou presença do poder público. Esta última, crescendo organicamente e sem acompanhamento, cria para além dos graves problemas sociais, um grande problema estético para atração de novos investimentos e turismo.

Ao contrário do que parece óbvio, que seria criar soluções para uma cidade mais justa e inclusiva, a opção mais fácil adotada é camuflar as mazelas.

Adota-se um elemento arquitetônico muito conhecido: o MURO.

Para além do proteger, delimitar e segregar, ele é então resignificado, adquirindo uma nova função contemporânea: ESCONDER.

Se os muros já criavam espaços hostis nas cidades: os não lugares – como diria Jane Jacobs, onde os olhos da rua não “enxergam” e criam zonas de insegurança hoje são também uma “máscara”, que moldam o que deve ou não ser visto.

O ensaio mostra a adoção do muro como estratégia para esconder o complexo de favelas da Maré, que fica na rota de chegada ao Rio de Janeiro, para quem chega pelo Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. Cria-se um pano teatral, uma cidade cenográfica.