

Um mapeamento poético dos azulejos antigos no Rio de Janeiro
O que as paredes contam sobre uma cidade?
O que permanece, mesmo quando tudo parece prestes a desaparecer?
"Identidade, Afeto e Memória" é um projeto fotográfico que nasce do gesto simples — e ao mesmo tempo profundamente simbólico — de olhar para os detalhes esquecidos no tecido urbano do Rio de Janeiro. Desde 2021, venho caminhando pela cidade com um olhar atento e afetivo, registrando os azulejos antigos que ainda resistem nas fachadas, muros e interiores dos imóveis, como fragmentos visíveis de uma memória coletiva.
Cada azulejo fotografado carrega não apenas um padrão gráfico, uma textura ou uma cor, mas também as camadas invisíveis do tempo: a mão que escolheu, o pedreiro que assentou, a história da casa, dos moradores e das transformações que moldaram a paisagem urbana ao longo das décadas.
Este projeto é, antes de tudo, um exercício de escuta sensível da cidade — uma tentativa de criar um arquivo vivo da materialidade afetiva que nos cerca, mas que muitas vezes passa despercebida na pressa do cotidiano. Através da fotografia, do registro e da geolocalização, construo um mapa afetivo dos azulejos, onde cada imagem está ancorada no espaço, marcada por um pin que indica sua localização precisa.
Quando encontro o mesmo padrão de azulejo em outros endereços, crio conexões entre os lugares, como se linhas invisíveis costurassem diferentes pontos da cidade. Essas repetições não são meras coincidências: elas revelam fluxos culturais, modas, escolhas estéticas e processos históricos que atravessaram gerações.

"Identidade, Afeto e Memória" não busca apenas documentar. É um convite à contemplação, à desaceleração e ao encantamento com aquilo que, por estar tão presente, às vezes se torna invisível. É uma reflexão sobre como os objetos, os materiais e os detalhes da paisagem urbana são depositários silenciosos das histórias que nos constituem — e como, ao olhar para eles, também olhamos para nós mesmos.
Este projeto segue em constante construção, acompanhando o movimento da cidade, suas perdas, permanências e transformações. Porque, assim como os azulejos, a própria memória urbana é feita de peças que se encaixam, se quebram, se reinventam — e que, quando reunidas, contam quem somos.
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