PLATAFORMAS DO INCONSCIENTE
METRÔ RIO

Uma das características mais marcantes do projeto original do Metrô do Rio de Janeiro foi a criteriosa escolha dos materiais utilizados nos acabamentos das estações. Com o objetivo de atenuar a sensação de confinamento típica dos espaços subterrâneos, buscou-se conferir às estações o aspecto de vias públicas. Para isso, foram empregados materiais de qualidade, com aparência atemporal, que garantissem durabilidade, personalidade e apelo estético.

Cada estação possuía uma identidade própria, definida por combinações específicas de cores e revestimentos. Embora alguns materiais fossem recorrentes, a variação cromática criava uma unidade visual harmoniosa e, ao mesmo tempo, facilitava a orientação dos usuários habituais.

Mais de quatro décadas após sua inauguração, grande parte dessas estações passou por transformações — motivadas ora por necessidades técnicas e adoção de novas tecnologias, ora pela incorporação de elementos de comunicação visual e interesses comerciais. As estações construídas após a privatização romperam com a lógica original, adotando novos materiais e explorando os espaços comuns de maneiras distintas.

Este projeto propõe a criação de uma plataforma imaginária, contínua e sensorial, que conecta todas as estações do metrô como se fossem parte de um mesmo percurso ininterrupto. Ao embaralhar noções de localização e pertencimento, o trabalho busca evidenciar não apenas as diferenças nos elementos arquitetônicos, revestimentos e cores, mas também os vestígios das épocas e contextos que marcaram a expansão e transformação do metrô carioca.